Falamos cada vez mais de imagens, mas sabemos cada vez menos o que é que esta expressão significa.
Serge Daney
Joana Leitão Salvador (20 anos de trabalho), não é apenas o título da sua mais recente exposição, agora realizada no Centro Cultural de Cascais, mas é também o nome de uma artista que reúne cerca de 100 trabalhos constituídos, na sua esmagadora maioria, por pinturas de pequeno e médio formato (guaches sobre papel, monotipias e encáusticas), distribuídas por vários núcleos temáticos bem diferenciados entre si, mas também por algumas pequenas esculturas realizadas em cerâmica (deusas da fertilidade, bocas abertas, alguns potes e um busto), recorrendo, neste último caso, a diferentes materiais e técnicas de manuseamento artesanal da argila (faiança e grés).
Todas estas peças foram realizadas durante os últimos 20 anos, todos eles repletos de um intenso trabalho e dedicação à sua causa primeira, a pintura, e que na prática correspondem a um arco temporal situado aproximadamente entre os anos de 2003/2004 e 2025. Neste período foram desenvolvidos os fios condutores do seu projeto de pesquisa pessoal, situado entre Eros e Tânatos, quase como se o êxtase da vontade indomável da artista e os prolongamentos do seu imaginário poético se tivessem expandido e ramificado no sentido de encarar e enfrentar a forma das imagens aparentemente inacabadas da sua pintura como uma espécie de problema ontológico sem resolução à vista, ou seja, quase como se estivéssemos a falar de fantasmas ou, pelo menos, de imagens verdadeiramente fantasmagóricas.
Lisboa e Serra da Arrábida, Eusébio Almeida
