
Add Fuel
AkaCorleone
André Saraiva
Bordalo II
Clemens Behr
Draw & Contra
Futura 2000
Gonçalo MAR
± MaisMenos±
Mário Belém
Nomen
Paulo Arraiano
Pedro Matos
Ram
Ricardo Passaporte
Shepard Fairey
Swoon
Vhils
Vhils, Bordalo II, Futura 2000, André Saraiva, Pedro Matos, Shepard Fairey, Swoon, Add Fuel, AkaCorleone, Clemens Behr, ±MaisMenos±, Mário Belém, Gonçalo MAR, Paulo Arraiano, Nomen, Ram, Ricardo Passaporte e Draw & Contra.
A história recente da arte em Cascais não pode ser contada sem reconhecer a força do graffiti e da arte urbana. Muitos consideram Carcavelos como o berço incontestável do graffiti em Portugal, lugar onde, nas décadas de 1980 e 1990, nasceu e se afirmou um movimento que viria a transformar a paisagem cultural do país. Foi aqui que a PRM (Paint Rackin Mafia) Crew – com nomes pioneiros como Nomen, Youth One e Exas – deu início a uma prática que cedo se iria expandir para além dos muros e linhas de comboio, tornando-se num gesto de identidade, expressão comunitária e afirmação cultural.
A evolução desse movimento, do graffiti para a arte urbana, fez-se em diálogo com a cidade, em empenas e fachadas, em muros e espaços devolutos, conquistando espaço no quotidiano e no imaginário coletivo. Cascais soube reconhecer e valorizar esse património vivo, promovendo iniciativas como o Festival Muraliza (desde 2014, com curadoria de Mário Belém e Nomen e produção de Lara Seixo Rodrigues) e, mais tarde, o Festival Infinito, desenvolvido pela Associação Somos Torre, que abriu caminho para novas gerações de artistas e para uma prática que, sendo urbana, é também profundamente comunitária.
Foi neste contexto que, em 2017, a Câmara Municipal de Cascais constituiu a sua coleção de arte contemporânea, hoje composta por 26 obras de 18 artistas, acolhendo uma proposta de Vhils (Alexandre Farto). Este gesto reafirmou a continuidade do movimento artístico no concelho e sublinhou o papel da arte urbana na construção de novas narrativas culturais e sociais.
A coleção integra nomes de referência internacional e nacional, como Vhils, Bordalo II, Futura 2000, André Saraiva, Pedro Matos, Shepard Fairey, Swoon, Add Fuel, AkaCorleone, Clemens Behr, ±MaisMenos±, Mário Belém, Gonçalo MAR, Paulo Arraiano, Nomen, Ram, Ricardo Passaporte e Draw & Contra. Cada um, com linguagem própria, testemunha a diversidade estética e conceptual deste universo: da apropriação de objetos e desperdícios urbanos transformados em esculturas-instalações (Bordalo II), à experimentação com cartazes publicitários e portas de madeira trabalhadas com incisões e cortes (Vhils), da pintura muralista e figurativa (Pedro Matos, Ram) à intervenção gráfica e política (Shepard Fairey, ±MaisMenos±), da revisitação do azulejo tradicional em linguagem contemporânea (Add Fuel) às geometrias visuais de AkaCorleone ou às narrativas visuais de Mário Belém.
A multiplicidade de técnicas e suportes aqui presentes – pintura em tela, colagem, azulejo, madeira, metal, cartazes publicitários, serigrafia, assemblage – evidencia não apenas a vitalidade do campo artístico contemporâneo, mas também a sua abertura a cruzamentos entre tradição e experimentação, entre artesanato e tecnologia, entre o efémero da rua e a permanência do objeto musealizado.
Mais do que uma coleção, esta mostra é um retrato da vitalidade cultural de Cascais, um concelho que, ao longo das últimas décadas, soube ser lugar de encontro entre património e contemporaneidade, entre tradição e inovação. As obras reunidas refletem, não só a energia criativa de artistas de projeção global, mas também a memória viva de um território que fez da cultura urbana uma das suas marcas identitárias mais fortes.
Inaugura no dia 26 de setembro, às 19h.